O perigo das apostas eletrônicas entre jovens do Ceará

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Jovens cearenses entram cada vez mais cedo nas apostas eletrônicas

O impacto financeiro no Ceará e no Nordeste

O Ceará vive um alerta silencioso: o número de jovens envolvidos com apostas eletrônicas cresce rapidamente em várias cidades do estado.
De Fortaleza ao interior, adolescentes estão entrando cada vez mais cedo no universo das “bets” — influenciados por vídeos, influenciadores e promessas de dinheiro fácil.

Segundo pesquisa do Instituto Opnus, 27% dos cearenses entre 16 e 24 anos já apostaram em plataformas digitais. Entre 25 e 34 anos, o índice chega a 26%.
Apesar disso, 84% dos cearenses ainda não apostam, o que mostra que há tempo de conter o avanço desse problema.

O vício começa com pequenas apostas

Em cidades como Itapipoca, Sobral, Quixadá, Canindé e Pentecoste, o vício começa com pequenas apostas — R$ 5, R$ 10 — e rapidamente se transforma em uma rotina perigosa.

O psicólogo Anderson Maia explica:

“O cérebro libera dopamina quando o jovem ganha, e ele sente prazer. Quando perde, tenta recuperar. É um ciclo de dependência muito parecido com o vício em drogas.”

Com a facilidade dos pagamentos por PIX e o uso constante do celular, adolescentes de 14 a 17 anos estão cada vez mais expostos ao risco das apostas online.

O impacto financeiro no Ceará e no Nordeste

O Nordeste é hoje uma das regiões mais afetadas pelas apostas online.
Uma pesquisa da Febraban/Ipespe revelou que 65% dos apostadores nordestinos disseram que o dinheiro gasto fez falta no orçamento mensal, e 44% afirmaram conhecer alguém endividado por causa dos jogos.

Esses dados se refletem também no Ceará, onde muitas famílias relatam discussões, dívidas e frustrações causadas pelas perdas financeiras dos filhos.

A psicóloga Maria de Lourdes Sampaio, de Fortaleza, reforça:

“Atendemos jovens que não conseguem parar de apostar. É um vício invisível, sem cheiro nem som, mas com consequências graves.”

O crescimento do mercado e a nova lei das apostas

Mesmo com os riscos, o mercado das apostas continua em expansão.
Segundo o governo federal, 17,7 milhões de brasileiros apostaram no primeiro semestre de 2025, movimentando R$ 17,4 bilhões.

A nova Lei nº 14.790/2023 busca regular o setor, exigindo que as empresas tenham sede no Brasil e paguem impostos.
Porém, no Nordeste, 61% das apostas ainda são feitas em sites ilegais, fora da fiscalização — o que aumenta os riscos para os usuários.

Quando o jogo deixa de ser diversão

O vício digital é um problema crescente entre os jovens cearenses.
Professores da rede pública relatam que muitos alunos chegam cansados, distraídos e com baixo rendimento escolar.

O educador José Ferreira, da região de Pentecoste, explica:

“Tem aluno que passa a madrugada jogando ou apostando. Começa achando que vai ficar rico e acaba devendo. Isso afeta o desempenho e a vida familiar.”

Caminhos para conter o problema

Especialistas defendem uma ação conjunta entre escolas, famílias e poder público.
Entre as principais soluções estão:

  • Campanhas educativas nas escolas sobre os perigos das apostas;
  • Fiscalização das plataformas ilegais;
  • Projetos esportivos e culturais como alternativa de lazer;
  • Diálogo familiar sobre o uso consciente da internet;
  • Atendimento psicológico gratuito para jovens em situação de risco.

Ações locais em municípios do interior, como Pentecoste, podem ajudar a prevenir que o vício se espalhe.

Um chamado ao Ceará

Mais do que um problema individual, o avanço das apostas eletrônicas é um desafio social e educacional.
No Ceará, onde a juventude é marcada por criatividade e força de vontade, é urgente reforçar que o verdadeiro ganho vem do esforço, do estudo e do trabalho honesto.

“A sorte é uma armadilha. O futuro se constrói com educação, não com apostas”, resume o professor José Ferreira.

Conclusão

As apostas eletrônicas no Ceará representam um novo tipo de vício, com impacto silencioso, mas profundo, entre os jovens.
Cabe à sociedade — pais, escolas e autoridades — unir forças para garantir que o lazer digital não se transforme em perigo real.

Informações complementares

Fonte dos dados:
Instituto Opnus, Febraban/Ipespe, Instituto Locomotiva, Governo Federal, Diário do Nordeste, Unifesp (Lenad III)

Créditos:
Reportagem: Zé da Legnas — Notícias de Pentecoste
Edição: Redação NP

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