A miopia logística do Estado desconsidera a localização estratégica e a topografia ideal da cidade para um terminal de cargas.

A recente confirmação de novos investimentos logísticos no Ceará, centrados na malha da Transnordestina, projeta um futuro promissor para a economia regional. A Value Global Group anunciou a instalação de terminais de carga em Caucaia e São Gonçalo do Amarante, somando-se ao já previsto porto seco em Quixeramobim. Os fatos são claros: o estado está se reconfigurando para otimizar o fluxo de cargas do interior ao Porto do Pecém.

No entanto, em meio a esse frenesi de concreto e trilhos, emerge uma falha geográfica e estratégica gritante que exige correção por parte dos gestores públicos e do setor privado: a omissão da cidade de Pentecoste.

O Caso de Pentecoste: Ignorância ou Miopia?
Enquanto se desenha uma infraestrutura que liga o Sertão Central (Quixeramobim) à Região Metropolitana de Fortaleza (Caucaia/São Gonçalo do Amarante), a cidade de Pentecoste permanece inexplicavelmente à margem. Trata-se de uma miopia logística com alto custo-oportunidade.
O argumento do potencial logístico de Pentecoste não se baseia em mera torcida regional, mas em dados geográficos e econômicos inegáveis:
Vantagem Locacional: O município goza de uma localização privilegiada, próximo tanto de Fortaleza quanto, crucialmente, do Porto do Pecém. Sua inclusão na rota não seria um desvio, mas um reforço estratégico na cadeia de hubs logísticos.

Topografia Impecável: A ausência de grandes acidentes geográficos é um trunfo que barateia e agiliza a implantação de grandes projetos. Em uma região com desafios naturais, a planície de Pentecoste clama por um aproveitamento eficiente para infraestruturas como um terminal intermodal de cargas ou, por que não, um aeroporto de cargas.
A falta de acidentes geológicos não é apenas uma curiosidade; é um convite para o investimento de grande porte que poderia ser o catalisador de um novo ciclo de prosperidade para a região, gerando empregos e diversificando a base econômica local.
O Poder da Reivindicação
A Transnordestina está sendo construída para servir ao Nordeste, e não apenas a trechos isolados. O projeto em Quixeramobim prova que o Sertão tem demanda. Os terminais na Grande Fortaleza demonstram a necessidade de desdobramento do Pecém.
O que se cobra dos governantes, portanto, não é um favor, mas uma visão de desenvolvimento abrangente. Se a burocracia para a criação de um Porto Seco pleno é o entrave – como sugerido pelas declarações do CEO da Value Global Group sobre Quixeramobim – que o Estado priorize um terminal de cargas multipropósito em Pentecoste. Um polo que atue como ponto de coleta e distribuição rodoviária e ferroviária é a alavanca de crescimento que a cidade merece.
É hora de parar de olhar para Pentecoste como uma mera referência no mapa e começar a enxergá-la como um nó vital para o desenvolvimento integrado do Ceará. A voz dos cidadãos, como a do blog Notícias de Pentecoste, deve ecoar nos gabinetes: a infraestrutura logística deve ser democrática e estratégica, e Pentecoste tem todas as credenciais para ser o próximo capítulo desse crescimento.
Imagens do antigo campo de aviação de Pentecoste.